Deportado de flotilha em Gaza relata maus-tratos: ‘Ficamos mais de 15 horas sem comer’

O ativista Nico Calabrese, integrante da delegação brasileira na
flotilha para Gaza
, afirmou, neste domingo (5), que a tripulação da flotilha
interceptada e detida por Israel
na quarta-feira (1°) foi submetida a condições de fome e sede. Calabrese foi deportado nesse sábado (5) para a Turquia e relatou à CNN Brasil os momentos vividos durante os três dias de detenção.

De acordo com o ativista, a líder da flotilha
Greta Thunberg
foi a que mais sofreu, sendo alvo de “humilhações” e mantida isolada. “Greta foi a que mais sofreu a humilhação, a provocação constante, as piadas constantes, colocaram a bandeira Israel bem do lado dela, obrigaram ela a beijar a bandeira de Israel”, disse.

Ele também relatou momentos de tensão durante a detenção. De acordo com Calabrese, após chegarem em Israel, eles ficaram mais 15 horas sem comer. “Foi um dos momentos mais violentos. Fomos levados à força, com travas no braço e golpes na cabeça. Ficamos de joelhos no chão quente, olhando para a parede. Dois minutos de joelhos já é ruim, em horas, o tempo não passa”, disse.

“O trajeto do porto para a prisão foi o momento mais difícil. Tive os pulsos amarrados muito apertados e, ao mesmo tempo, os olhos vendados. Quando eu entro no carro-jaula (sic) eu ouço constantemente golpes. Estavam dando socos e tapas nos companheiros. Uma situação muito tensa. O sufoco da superlotação, cada vez mais pessoas entrando”

Nico também relatou ter tido os pertences confiscados. “Eu fui libertado e não tive acesso aos meus pertences, nem ao meu documento da Argentina, só o passaporte italiano. Nem à minha roupa, nem ao meu brinco, minha carteira, minha mochila, meu instrumento, minha calça, nada”, afirmou.

A mesma situação foi relatada
por outros deportados. No sábado, 137 ativistas da flotilha Global Sumud foram deportados para a Turquia. Com relatos parecidos ao de Calabrese, ativistas de diversas nacionalidades chegaram a dizer que Greta Thunberg foi “empurrada e forçada a usar uma bandeira israelense.”

Israel, por outro lado,
negou as denúncias
. O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou, neste domingo (5), que as alegações sobre os maus-tratos contra
Greta Thunberg
e outros membros da
Flotilha Global Sumud
durante detenção são “mentiras descaradas”.

Associando o nome dado as embarcações que tinham intenção de levar ajuda a Gaza ao grupo Hamas, a pasta disse na rede social X, antigo Twitter, que “as alegações sobre os maus-tratos de Greta Thunberg e outros detidos da flotilha Hamas-Sumud são mentiras descaradas.”

De acordo com a pasta, “todos os direitos legais dos detidos são totalmente respeitados.” O ministério ainda afirmou, sem apresentar provas, que a própria Greta e outros detidos se “recusaram a acelerar sua deportação e insistiram em prolongar sua permanência sob custódia.”

“Greta também não reclamou às autoridades israelenses sobre nenhuma dessas alegações ridículas e infundadas, porque elas nunca ocorreram”, continua o Ministério das Relações Exteriores de Israel em comunicado.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)


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