

Câncer de pele diagnosticado em Bolsonaro: quais são os sintomas e como prevenir
O
laudo médico do ex-presidente
câncer de pele
oito lesões de cutâneas
Bolsonaro apresentou câncer de pele não melanoma, o mais frequente no Brasil, e responsável por 30% de todos os casos de tumores malignos registrados no país, segundo o
Ministério da Saúde.
Fatores de risco do câncer de pele
Embora qualquer pessoa possa desenvolver câncer de pele, alguns grupos têm maior sensibilidade:
- Pessoas de pele muito clara, albinos, com vitiligo ou em tratamento com imunossupressores;
- Pessoas com mais de 40 anos (embora a idade média venha diminuindo com o aumento da exposição solar entre jovens);
- Histórico pessoal ou familiar de câncer de pele;
- Doenças cutâneas prévias;
- Profissionais que trabalham sob exposição direta ao sol;
- Exposição prolongada ao sol ou a câmeras de bronzeamento artificial.
O Ministério da Saúde ressalta que a exposição ao sol faz bem à saúde, mas em excesso pode causar envelhecimento precoce, lesões oculares e câncer de pele.
Sintomas de câncer de pele
Fique atento a áreas mais expostas, como rosto, pescoço e orelhas:
- Manchas que coçam, descamam ou sangram;
- Pintas ou sinais que mudam de tamanho, forma ou cor;
- Feridas que não cicatrizam em quatro semanas.
Assim que notar qualquer alteração, procure um dermatologista para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento.
Diagnóstico de câncer de pele
O diagnóstico é feito por meio de exame clínico. Em casos específicos, podem ser usados:
- Dermatoscopia: exame não invasivo que permite observar camadas da pele não visíveis a olho nu;
- Biópsia: retirada de material da lesão para análise laboratorial, essencial para confirmar o tipo de câncer (melanoma ou não melanoma);
- Exames complementares podem ser solicitados para determinar estadiamento da doença e orientar o tratamento.
Tipos de câncer de pele
Existem três tipos principais de câncer de pele:
- Carcinoma basocelular: é o mais comum e menos agressivo, geralmente aparece em áreas expostas ao sol, como o rosto.
- Carcinoma de células escamosas (ou espinocelular): é o tipo diagnosticado em Bolsonaro. Surge nas células da epiderme e pode variar desde formas iniciais (in situ) até invasivas, que atingem camadas mais profundas e, em casos raros, podem se espalhar para outros órgãos.
- Melanoma: é o mais agressivo, costuma se apresentar como manchas ou pintas enegrecidas e tem maior potencial de metástase.
“O carcinoma de células escamosas, se diagnosticado em fases precoces, é altamente curável”, explicou Alexandre Fonseca do Grupo Oncomed.
Qual foi o diagnostico de Bolsonaro?
Segundo o laudo médico do ex-presidente, que ficou internado por cerca de um dia no Hospital DF Star, em Brasília, duas das oito lesões cutâneas removidas atestam presença de carcinoma de células escamosas “in situ”.
O que significa “in situ”
O termo médico “in situ” indica que o tumor está restrito à camada mais superficial da pele (epiderme), com menos chances de metástase.
“No caso de Bolsonaro, o carcinoma estava localizado apenas na epiderme. É considerado um câncer de pele em estágio inicial e de excelente prognóstico”, destacou Lucas Miranda, dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
De acordo com ele, a detecção precoce e a retirada cirúrgica adequada proporcionam taxa de cura muito alta, com baixo risco de complicações.
12 mitos e verdades sobre câncer de pele
1. Apenas quem se expõe muito ao sol pode ter câncer de pele
Mito. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), entre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele o principal é a exposição solar excessiva, especialmente entre 10h e 16h. No entanto, essa não é a única possível causa para o tumor.
De acordo com a entidade, qualquer pessoa pode ter câncer de pele, independentemente do nível de exposição solar. Em alguns casos, o indivíduo pode apresentar mutação genética associada a uma síndrome de maior predisposição para desenvolver a doença, como o melanoma familial.
Por isso, segundo a SBCO, familiares de pacientes diagnosticados com a doença, sobretudo os de primeiro grau, devem se submeter a exames preventivos regularmente.
2. Protetor solar previne o câncer de pele
Verdade. Pelo fato da exposição solar excessiva ser um dos principais fatores de risco para o câncer de pele, o uso do protetor solar é uma importante forma de prevenção, já que reduz os danos causados pelos raios ultravioleta (UV), prevenindo alterações celulares que podem levar ao câncer.
Além do filtro solar, é fundamental combinar outras formas de proteção solar. “O uso de roupas com proteção UV, chapéus e óculos escuros também ajudam, mas é importante lembrar que nenhuma medida isolada substitui o cuidado regular com a pele”, afirma Larissa Montanheiro, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
3. Câncer de pele só ocorre em pessoas com pele clara
Mito. Embora pessoas com pele clara, olhos claros e cabelos ruivos ou loiros tenham maior risco, o câncer de pele pode afetar pessoas de todas as etnias, segundo a SBCO.
“No Brasil, com sua grande diversidade étnica, o melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, pode ser diagnosticado em qualquer tipo de pele, embora seja mais comum em pessoas de pele clara. Os negros apresentam menos risco de câncer de pele, mas, quando a doença ocorre (especialmente nas extremidades das mãos, região plantar e sob as unhas) o prognóstico costuma ser pior”, afirma a entidade.
4. O câncer de pele é uma doença exclusivamente de idosos e não atinge pessoas jovens
Mito. A incidência de câncer de pele aumenta com a idade, devido à exposição solar ao longo da vida. Porém, o melanoma tem sido diagnosticado com mais frequência em jovens adultos, especialmente entre aqueles que praticam atividades ao ar livre sem proteção adequada ao longo dos anos.
De acordo com especialistas do Oswaldo Cruz, casos de melanoma podem ocorrer em crianças e jovens, especialmente devido a fatores genéticos ou exposição solar intensa e desprotegida.
5. Queimaduras solares na infância aumentam o risco de câncer de pele na vida adulta
Verdade. Os danos causados pelos raios UV são cumulativos e queimaduras solares intensas na infância ou adolescência aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer de pele ao longo da vida, de acordo com especialista do Oswaldo Cruz.
6. Os sintomas do câncer de pele são sempre visíveis
Mito. Em estágios iniciais, o câncer de pele pode ser silencioso, sem coceira, dor ou mudanças perceptíveis. Além disso, o melanoma, por exemplo, pode se desenvolver em áreas do corpo que não são frequentemente expostas ao sol, como as palmas das mãos, plantas dos pés ou nas mucosas.
Nesse sentido, a detecção precoce é essencial, o que torna os exames regulares com um dermatologista fundamentais.
Uma das principais estratégias de prevenção ao subtipo melanoma pode ser o autoexame. Para isso, Montanheiro recomenda a adoção da regra ABCDE, para analisar as pintas do corpo, que auxilia na identificação de lesões suspeitas:
A (Assimetria): pintas com formas desiguais.
B (Bordas): pintas com bordas irregulares ou mal definidas.
C (Cor): alterações ou múltiplas cores em uma mesma pinta.
D (Diâmetro): lesões maiores que 5mm.
E (Evolução): mudanças no tamanho, forma ou cor das pintas
“Se houver qualquer dúvida sobre uma pinta ou mancha, o ideal é procurar um dermatologista. Esse tipo de avaliação pode fazer toda a diferença”, alerta.
7. Pessoas negras não desenvolvem câncer de pele
Mito. Embora a melanina ofereça proteção adicional contra raios UV, pessoas negras também estão suscetíveis, especialmente em áreas menos expostas ao sol, como as palmas das mãos e plantas dos pés, de acordo com especialistas do Oswaldo Cruz.
8. Melanoma é sempre uma pinta preta
Mito. Existem subtipos de melanoma, como o amelanótico, que não apresentam pigmentação escura. Essas lesões podem ser confundidas com outras condições benignas, dificultando o diagnóstico precoce.
9. Manchas vermelhas na pele podem ser câncer
Verdade. Lesões vermelhas que coçam, descamam ou sangram podem ser sinais de carcinoma espinocelular ou outros tipos de câncer de pele, de acordo com especialistas do Oswaldo Cruz. É importante procurar um dermatologista para avaliação.
10. O diagnóstico inicial do câncer de pele é feito apenas por biópsia.
Depende. A biópsia é importante para confirmar o diagnóstico, mas o câncer de pele pode ser detectado inicialmente por meio de outros exames, como a dermatoscopia, uma técnica não invasiva de avaliação da pele, de acordo com a SBCO. Essa análise ajuda o dermatologista a observar estruturas da pele com maior detalhamento, facilitando o diagnóstico precoce.
11. A dor é um sinal de câncer de pele
Nem sempre. A dor não é um sintoma comum do câncer de pele, especialmente no caso de melanomas iniciais. Muitas vezes, o câncer de pele pode se desenvolver sem dor, coceira ou qualquer outro sintoma. Mudanças na aparência da pele, como manchas novas ou alterações em pintas existentes, são sinais mais comuns, alerta a SBCO.
12. O câncer de pele é fácil de tratar e não necessita de acompanhamento
Depende. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor o prognóstico, aumentando as chances de cura. Se não for um melanoma, a remoção do tumor costuma ser simples.
Se for um não melanoma, a remoção do tumor costuma ser simples, envolvendo apenas a remoção da lesão cancerígena por meio de uma pequena cirurgia ou procedimento como a curetagem. No caso dos melanomas, o procedimento varia de acordo com a extensão da doença. Em geral, podem ser combinados outros tratamentos que incluem quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
Mesmo após o tratamento, o acompanhamento regular com um dermatologista é necessário para monitorar possíveis recidivas, orienta a SBCO.
*Sob supervisão de Edu Oliveira