‘Foi severamente agredida’, diz delegada

A Polícia Civil finalizou o inquérito do
assassinato da auxiliar administrativa Priscila Mundim, de 46 anos, morta pelo namorado, o policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos
. O homem foi indiciado e responderá por feminicídio praticado sob o âmbito da violência doméstica,
podendo pegar até 40 anos de prisão
.

Em coletiva realizada nessa terça-feira (2), a delegada Iara França, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), relatou que Priscila foi brutalmente espancada antes de ser morta por sufocamento.

“Nós sabemos que a Priscila foi severamente agredida antes de ser morta. Foram encontradas várias lesões no corpo dela. O autor, quando entrevistado, chegou a confessar que matou ela por esganadura. Ele teria ficado com muita raiva de algo que ela teria dito.

Nós sabemos que, provavelmente, a Priscila insistiu no término do relacionamento, até mesmo pela forma como ambos andam quando retornam para a casa dele, isso é visto nas imagens do bar próximo. E logo que chegaram em casa, ele fez essa esganadura contra ela”, afirmou a delegada.

Segundo Iara França, Rodrigo Caldas não assumiu que
espancou a mulher antes de esganá-la
.

“Ele mesmo disse que só soltou o corpo dela quando ela desfalecer, mas sabemos, na verdade, que ele também a agrediu severamente. Foram localizadas agressões, inclusive, nas mãos dela, indicando essa tentativa de defesa da vítima contra o agressor”, completou.

Ex-namorada tinha medida protetiva contra o assassino

A Polícia Civil informou que Rodrigo Caldas tinha histórico de violência contra mulheres. Sua ex-namorada, anterior a Priscila, tinha uma medida protetiva para manter o homem afastado.

Segundo a delegada Iara França, Caldas tinha um comportamento possessivo e opressor, algo relatado tanto por Mundim, quanto por ex-companheiras.

“Nós temos ele como um perfil clássico de feminicida. Ele é um cara que nos relacionamentos anteriores já exercia um controle total. Ele é descrito por todos esses ex-relacionamentos como uma pessoa que sufocava as mulheres, que não as deixava viver. Essas vítimas relataram de forma espontânea a palavra ‘sufocamento’. Inclusive a vítima, Priscila, chegou a relatar isso para familiares dela um dia antes”, afirmou.

O crime

De acordo com a Polícia Militar (PM), a ocorrência começou quando o tio do policial contou que recebeu uma ligação do sobrinho confessando o crime e dizendo que também iria se matar. Assustado, ele acionou imediatamente a corporação.

A decisão judicial apontou, ainda, alguns detalhes da prisão do autor. Consta que ao chegarem no apartamento onde ocorreu o crime, os policiais precisaram arrombar a porta, que estava trancada.

Lá dentro, encontraram Rodrigo armado de uma faca e a mulher caída no chão de um quarto. Os agentes informaram que ao ver os policiais, o homem correu para o mesmo cômodo onde a vítima estava e passou a desferir facadas contra si próprio. Em seguida, avançou contra a equipe da PM com duas facas em punho.

Neste momento, os policiais utilizaram a pistola AIN (arma de incapacitação neuromuscular, semelhante a uma “arma de choque”) para pararem o agressor mantendo sua integridade física.

Rodrigo Caldas confessou assassinato

De acordo com a Polícia Militar (PM), um tio do policial contou que
recebeu uma ligação do sobrinho confessando o crime e dizendo que também iria se matar. Assustado, ele acionou imediatamente a corporação, que se dirigiu ao local.

Casal teria consumido álcool antes do ocorrido

Leonardo Alves de Sousa, de 48 anos, cunhado da vítima, contou à Itatiaia que o casal consumiu bebida alcoólica horas antes do ocorrido. “Como eles estavam tomando cerveja, eu mandei mensagem perguntando se eles haviam chegado em casa, mas ninguém respondeu”, disse.

O familiar lamentou a morte. “Infelizmente não tenho nem muito o que falar, não acho as palavras, mas eu quero que a justiça seja feita nesse caso”, disse.

Priscilla foi morta por asfixia mecânica e traumatismo craniano

Familiares revelaram à Itatiaia que o laudo apontou que Priscilla foi morta por asfixia mecânica por constrição e traumatismo craniano contuso, ou seja, ele a enforcava e batia a cabeça dela ao mesmo tempo.

Priscila se queixava de ‘possessividade’ de Rodrigo

A irmã de Priscilla Mundim, Fabíola Mundim, relatou que sentiu um ‘ciúme extremo’ por parte de Rodrigo Caldas.

Priscilla e Rodrigo foram à casa de Fabíola e do marido, Leonardo, na sexta-feira (15), um dia antes do crime. Lá ambos relataram que o policial penal demonstrou muito ciúmes da namorada. Em um certo momento, Fabíola contou que conversou com a irmã sobre a possessividade do policial.

“Na sexta-feira eles estavam lá em casa e eu senti um ciúme extremo da parte dele. E ela virou para mim e falou assim: ‘Fa, vem aqui comigo’.
Fui no quarto da minha filha com ela e ela falou: ‘Eu não tô aguentando. Ele tá me sufocando, ele tá muito possessivo’
. Eu falei: ‘Sai fora, você não precisa disso’.”, relatou.

Foi nessa hora que as duas se despediram e o casal foi embora. O marido de Fabíola, Leonardo Alves de Sousa, contou à imprensa que a esposa havia dito para que Priscilla dormisse na casa da mãe naquela noite em vez de ir à casa do namorado.

Fabíola relatou que estava muito preocupada e que no sábado pela manhã começou a ligar para a irmã, que não atendia. Ela e o marido, então, decidiram ir ao local. Rodrigo não atendia ao casal na porta e, quando atendeu a uma ligação de Leonardo, disse que havia ‘feito m****’.

Afastado, de férias ou trabalhando normalmente?

A Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) informou, em nota, que o policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, estava
afastado da corporação por motivos psiquiátricos desde 2024
. Porém, não era isso que ele dizia para a família de Priscilla.

Segundo Leonardo, cunhado de Priscilla, Rodrigo dizia que estava trabalhando normalmente e que estaria envolvido, inclusive, no caso do
gari morto em Belo Horizonte
, que teve grande repercussão.

Fontes da polícia penal também disseram à Itatiaia que Rodrigo Caldas trabalhava normalmente nos dias que antecederam o crime, contrariando a versão da Sejusp.

Além disso, Rodrigo dava outra versão para os familiares de Priscilla: que estava de férias-prêmio, um benefício dado a servidores públicos.

A Itatiaia entrou em contato com a Sejusp que manteve a versão do afastamento.

O que fazer para denunciar violência contra mulheres?

Para denunciar casos de violência contra as mulheres, ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, que recebe ligações telefônicas gratuitas de todo o país, de forma confidencial.

Pelo número, você pode receber orientações sobre direitos e informações sobre a rede de serviços públicos disponíveis em seu município.

O Ligue 180 também funciona como um canal de denúncia, encaminhando os casos aos órgãos estaduais da Segurança Pública e do Ministério Público.A denúncia de uma violência sexual também pode ser feita em qualquer delegacia de polícia civil, sendo as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e as Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) as principais portas de entrada dessas denúncias.

Em casos de emergência, ligue 190.


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