Tragédia do voo Rio-Paris: Air France e Airbus enfrentam novo julgamento após 16 anos

A partir desta segunda-feira (29), uma nova audiência no Tribunal de Apelação de Paris vai discutir se as
empresas Air France e Airbus são responsáveis por homicídio culposo
no acidente do voo AF447, que ligava Rio de Janeiro a Paris, ocorrido há 16 anos.

O julgamento deve durar cerca dois meses.
Em primeira instância, em 2023, ambas foram absolvidas das acusações criminais.
No entanto, a Procuradoria-Geral recorreu da decisão.

Novo julgamento é a ”última cartada’’

Em 1º de junho de 2009, o Airbus A330 caiu no Oceano Atlântico poucas horas após a decolagem do Rio de Janeiro. As 228 pessoas a bordo morreram, entre elas, passageiros de 33 nacionalidades, incluindo 72 franceses e 58 brasileiros.

A investigação confirmou que o acidente foi causado pelo congelamento das sondas de velocidade Pitot, em condições meteorológicas adversas próximas à Linha do Equador.

Se condenadas, Air France e Airbus poderão ser multadas em até 225 mil euros cada (cerca de 1,4 milhão de reais).

“A Air France afirmará que não cometeu crime em decorrência deste acidente. Sei que esta declaração pode ser difícil para as famílias das vítimas ouvirem, mas quero enfatizar que isso não subestima nossa compaixão pelo que elas vivenciaram e continuam vivenciando”, declarou a CEO da empresa, Anne Rigail.

Em primeira instância, o Tribunal Correcional de Paris reconheceu “imprudência” e “negligência”, mas concluiu que não havia prova definitiva de vínculo causal entre a falha técnica e o acidente. Ainda assim, reconheceu responsabilidade civil das empresas.

Ao todo, 281 das 489 partes civis constituídas no processo aderiram ao recurso. Para muitos familiares, este julgamento é “a última cartada” para buscar justiça.

“Queremos uma Justiça combativa que vá além dos limites para condenar duas multinacionais europeias e dizer-lhes: ‘Vocês cometeram erros, devem reconhecê-los”, declarou Philippe Linguet, irmão de uma vítima.

A Air France é acusada de não fornecer treinamento adequado aos pilotos sobre situações de congelamento das sondas Pitot e de não informar suficientemente suas tripulações, acusações que a companhia nega.

Já a Airbus, responde por supostamente subestimar a gravidade das falhas dessas sondas e por não adotar medidas urgentes para alertar companhias aéreas. A empresa também nega as acusações.

“A Airbus cooperará plenamente com o julgamento, que começa em 29 de setembro, para esclarecer melhor as causas deste trágico acidente, em linha com o compromisso total da empresa com a segurança aérea”, afirmou a fabricante.

Como será o cronograma

O cronograma prevê que o primeiro mês seja dedicado a depoimentos de testemunhas e peritos. Os interrogatórios dos representantes da Airbus e da Air France estão previstos para 27 de outubro.

Com agências
(Sob supervisão de Marina Dias)


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